Inflação muda hábitos de 8 em cada 10 brasileiros e pressiona Lula, aponta Datafolha
A inflação impacta diretamente os hábitos de consumo e a percepção econômica da população, afetando a popularidade do governo Lula. Entre os mais pobres, as mudanças nos gastos são ainda mais drásticas, refletindo a crescente insatisfação com a gestão atual.
A inflação tem causado mudanças significativas na vida dos brasileiros e afeta a popularidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo pesquisa Datafolha divulgada em 14 de abril.
Dados da pesquisa mostram que 58% dos brasileiros reduziram a compra de alimentos devido à alta dos preços. Este impacto é maior entre os mais pobres, com 67% dos que recebem até dois salários mínimos afirmando ter diminuído as compras.
Ao todo, 80% dos entrevistados mudaram hábitos por causa da inflação. As principais mudanças foram:
- 61% saindo menos para comer fora;
- 50% trocando marcas de café;
- 49% reduzindo o consumo de café.
Um quarto da população relata ter menos comida do que o suficiente em casa. A pesquisa entrevistou 3.054 pessoas em 172 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais.
Metade da população também diminuiu o consumo de água, luz e gás. Além disso:
- 47% busca outra fonte de renda;
- 36% reduziu a compra de remédios;
- 32% deixou de pagar dívidas;
- 26% cortou contas básicas.
A percepção econômica piorou: 55% dizem que a situação do país está pior do que antes, a primeira vez que a maioria se pronuncia assim durante o terceiro mandato de Lula. Os aumentos em itens como tomate (22.5%), ovo (13.1%) e café moído (8.1%) são apontados como fatores de descontentamento.
O levantamento mostra que 54% atribui "muita responsabilidade" ao governo Lula pela inflação dos alimentos. 29% acredita que o governo tem alguma culpa, enquanto apenas 14% isentam a administração. Entre seus eleitores, 72% reconhecem responsabilidade, número que sobe para 78% entre apoiadores de adversários.
As causas da inflação foram atribuídas também à crise climática, conflitos internacionais e produtores rurais. Entre os mais pobres, 55% culpam o governo e 54% os produtores. Já entre os mais ricos, 40% citam guerras e 36% a crise nos EUA.
A aprovação do governo Lula subiu de 24% para 29% desde dezembro, mas a reprovação continua em 38%. A alta dos preços, especialmente dos alimentos, permanece como um obstáculo na recuperação da imagem presidencial. Embora haja iniciativas como a isenção de imposto de importação, seus efeitos ainda não são sentidos pela população.