Inadimplência e recorde de recuperações judiciais expõem a fragilidade das empresas
Crescimento da inadimplência e recuperação judicial revela crise preocupante entre micro e pequenas empresas no Brasil, com 31,6% dos negócios ativos enfrentando dificuldades financeiras. Fatores como juros altos e gestão inadequada intensificam o impacto da crise no setor.
Inadimplência Empresarial em Alta no Brasil
O Brasil enfrenta uma escalada na inadimplência empresarial e nos pedidos de recuperação judicial, particularmente entre pequenos e médios empreendedores.
Um levantamento da FecomercioSP aponta que mais de 7,2 milhões de empresas estão inadimplentes, representando 31,6% dos negócios ativos. Dessas, 6,8 milhões são micro e pequenas empresas (MPEs), com R$ 141,6 bilhões em débitos.
Os pedidos de recuperação judicial aumentaram 61,8% em 2022, totalizando 2.273 solicitações, o maior número desde 2006. A tendência se mantém em 2025, com 162 pedidos em janeiro e 122 em fevereiro.
Fatores como juros elevados (taxa Selic a 14,75%), inflação persistente e acesso restrito ao crédito contribuem para a situação. O aumento da inadimplência levou os bancos a endurecerem a concessão de crédito.
Julian Tonioli, CEO da Auddas, e Ezequiel Wilbert, CEO da Safegold, destacam a importância da gestão profissional nas pequenas empresas e a necessidade de separar finanças pessoais e empresariais.
André Alves de Lima Bueno, da Big Legal Tech Finch, aponta que fatores como instabilidade política e os reflexos da pandemia exacerbam a crise. O setor de serviços lidera a inadimplência com 52,8%.
Embora o aumento nos pedidos de recuperação judicial seja notório, nem todas as empresas precisam optar por esse caminho. A renegociação com credores é uma alternativa viável.
Os especialistas aconselham monitorar indicadores financeiros e realizar auditorias para prevenir crises. Parar investimentos pode agravar a situação em vez de ajudar.
Por fim, Wilbert destaca que o ecossistema de crédito no Brasil não favorece o pequeno empreendedor, priorizando garantias patrimoniais em detrimento da capacidade de geração de caixa das empresas.