Importadores dos EUA já suspendem embarques de ferro-gusa, matéria-prima de aço, do Brasil
Sete Lagoas, um dos principais polos siderúrgicos de Minas Gerais, pode enfrentar sérias paralisações devido à iminente tarifa de 50% sobre exportações de ferro-gusa para os EUA. Executivos do setor alertam para o impacto econômico e a insegurança de fornecimento da commodity metálica essencial para a indústria americana.
Sete Lagoas, localizada a 74 km de Belo Horizonte, é um importante polo industrial de Minas Gerais, com 227 mil habitantes e 21 das 53 usinas de ferro-gusa do estado.
A cidade responde por cerca de US$ 600 milhões em exportações de ferro-gusa, totalizando R$ 3,3 bilhões. As exportações de 2022 alcançaram US$ 1,65 bilhão, sendo 70% deste valor proveniente das siderúrgicas mineiras.
Com a possível tarifa de 50% sobre exportações aos EUA a partir de 1º de agosto, a economia de Sete Lagoas pode ser severamente afetada. Fausto Varela Cançado, presidente do Sindifer, alerta que 68% dos embarques de Minas Gerais vão para os EUA.
Varela ressalta que muitas siderúrgicas podem paralisar operações em agosto se a tarifa for mantida. Ele enfatiza: “Não há como redirecionar essas vendas em pouco tempo.”
A SDS Siderúrgica, com operações em Sete Lagoas e Divinópolis, já suspendeu embarques programados e cerca de 40% de sua produção é destinada aos EUA. A empresa investiu R$ 25 milhões em sua unidade de Divinópolis, que está em risco de não operar adequadamente.
A situação é similar para a Ferroeste, que também enfrenta incertezas. 55% a 60% das suas exportações vão para o mercado americano. Silvia Nascimento, presidente da CBF, afirma que uma tarifa de 50% seria desastrosa e exigiria medidas drásticas como férias coletivas.
Atualmente, o preço do ferro-gusa está em alta devido à expectativa da tarifa e problemas de fornecimento, intensificando ainda mais a insegurança do setor.