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IA: criar como criança e… para criar para crianças?

O debate sobre a natureza da inteligência artificial levanta questões fundamentais sobre sua influência no desenvolvimento infantil. Especialistas alertam para a necessidade de criar ambientes digitais saudáveis para evitar que as IAs absorvam e amplifiquem valores prejudiciais.

A inteligência artificial (IA) enfrenta uma tensão fundamental: deve ser tratada como algo a ser “criado” e educado, como uma criança, ou como uma ferramenta para ensinar e moldar crianças humanas?

O debate se intensificou com o novo livro “Raising AI”, de De Kai, professor da HKUST. Ele critica a tentativa de “alinhamento” da IA, que busca impor valores e comportamentos de maneira hierárquica.

De Kai afirma que essa iniciativa é fadada ao fracasso: “Alinhamento com o quê?”, observa, apontando a dificuldade de consenso em grupos como a OpenAI.

A IA “aprende” imitando o comportamento humano, mas essa imitação pode incluir conteúdos distópicos, como racismo e misoginia, o que representa um grande desafio.

De Kai enfatiza a import^ancia de criar ambientes digitais saudáveis. “A última coisa que podemos nos permitir é criar sociopatas artificiais”, adverte.

Por outro lado, um estudo recente do Alan Turing Institute com a Lego discute como a IA generativa pode impactar a infância. Entre os benefícios estão personalização do ensino e apoio à saúde mental, enquanto os riscos incluem desinformação e viés algorítmico.

O relatório recomenda que políticas públicas coloquem o interesse da criança no centro da regulação da IA, promovendo alfabetização digital e a participação dos jovens nas decisões tecnológicas.

A tensão entre “criar IA como criança” e “usar IA para criar crianças” revela um dilema ético central sobre quem educa quem.

Se não atuarmos como pais digitais, corremos o risco de amplificar o pior da sociedade. Delegar a educação das crianças à IA pode resultar na perda dos valores e da autonomia das próximas gerações.

O futuro da IA e da infância depende de escolhas conscientes hoje. A questão é: “que infância e futuros adultos queremos?” A resposta exige coragem, diálogo e compromisso coletivo.

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