Haddad perde poder de articulação e enfrenta perigo de nova derrota ao tentar aumentar impostos
Ministro da Fazenda enfrenta crescente resistência no Congresso ao propor mudanças no IOF. Críticas apontam falta de diálogo prévio com parlamentares e novas medidas de arrecadação sem consenso.
BRASÍLIA — O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfrenta desafios no Congresso para retomar o diálogo após propor mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Críticas de parlamentares surgem devido à falta de negociação prévia e à proposta de aumento de arrecadação, em um cenário de não pagamento de emendas parlamentares.
Haddad, que havia assumido a articulação política no início do governo, agora é questionado por sua abordagem. Ele se reuniu com os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, em busca de compensações, mas deixou um encontro após um bater-boca com opositores.
Na quarta-feira, 11, lançou um novo decreto com recuos no IOF e uma medida provisória alternativa. As reações negativas se intensificaram, especialmente após Motta criticar o aumento de tributos sem a devida redução de gastos.
O presidente da Câmara anunciou a intenção de pautar um projeto de decreto legislativo (PDL) para derrubar as novas medidas. O clima no Congresso, segundo posições expressas, não é favorável ao aumento de impostos.
Críticas à habilidade política de Haddad aumentam, com aliados defendendo que ele deve "olhar para frente" e propor soluções menos conflitantes.
A situação foi agravada pela acusação de que Haddad não se consultou adequadamente com parlamentares sobre as novas propostas, levando a um sentimento de distanciamento.
Haddad reconheceu a possibilidade de ajustes nas propostas e reiterou sua disposição para diálogo, após se envolver em uma troca de ofensas durante as discussões.
A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando esclarecimentos sobre emendas parlamentares também trouxe descontentamento. Em resposta, o governo promete maior transparência e Lula se compromete a apoiar os interesses dos parlamentares.
Articuladores do Planalto tentam defender Haddad, enquanto o líder do governo na Câmara, José Guimarães, critica a oposição, alegando que a reação atual é desproporcional em comparação com desafios anteriores enfrentados pela equipe econômica.