Haddad fala em ir 'além do bom senso' contra ascensão da extrema-direita
Haddad destaca a urgência de uma mobilização social para aprovar a reforma do Imposto de Renda em um cenário político conservador. Ele defende que o governo busque "romper barreiras" diante da crescente extrema-direita.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, usou a reforma do Imposto de Renda como plataforma para convocar movimentos sociais a buscarem "além do que rezaria o bom senso".
No painel de abertura do evento "Dilemas da humanidade: perspectivas para transformação social" no Sesc Pompeia, em São Paulo, Haddad destacou os desafios de um Congresso Nacional conservador.
Ele descreveu o governo Lula como uma "frente ampla" e comentou sobre a dificuldade de aprovar medidas devido à identificação de partidos do centrão como "direita democrática".
O ministro ressaltou a necessidade de "romper barreiras" e ter "mais ambição teórica" para enfrentar a extrema-direita.
A proposta do governo é que quem recebe até R$ 5.000 esteja isento do IR, com redução para quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.000, além de um imposto mínimo sobre altas rendas (acima de R$ 600 mil anuais).
Haddad citou a resistência em governos anteriores do PT, que apenas agora enviaram a proposta ao Congresso. Ao todo, 141 mil brasileiros seriam taxados, permitindo que 10 milhões fossem isentos e 5 milhões tivessem redução no imposto.
Ele afirmou que para cada "super-rico", 100 brasileiros seriam beneficiados, com 65% deles isentos.
Haddad pediu mobilização dos trabalhadores para pressionar parlamentares em relação às mudanças propostas. Ele reconheceu que as ideias podem parecer "pouco ambiciosas", mas destacou sua importância em um mundo com escassez de boas ideias.
O Brasil busca estabelecer um novo paradigma no G-20 em relação à taxação de ricos, discutindo a possibilidade de uma taxa de 2% sobre o patrimônio das 3.000 famílias mais ricas.
Haddad mencionou que isso poderia gerar cerca de US$ 300 bilhões (R$ 1,8 trilhão) anualmente para financiar o combate à fome e desigualdades, em meio a um setor público deficitário.