Guerra do Sudão completa dois anos com quase 40 mil mortes e milhões com fome
Conflito no Sudão já deixou mais de 37 mil mortos e 14 milhões de deslocados, com crescente insegurança alimentar. As disputas de poder entre os líderes militares agravam a crise humanitária e política na região.
Situação alarmante no Sudão: Pelo menos 14 milhões de pessoas foram deslocadas e 24 milhões estão em insegurança alimentar. Nos últimos 30 dias, 63 pessoas morreram por dia devido ao conflito armado.
O conflito começou em 15 de abril de 2023 entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF). A disputa de poder entre Abdel Fattah al-Burhan e Mohamed Hamdan Dagalo (Hemeti) já resultou em 37 mil mortes.
A situação é crítica: 28,6% das mortes são civis, e a média diária de mortos supera as 50 pessoas. As RSF recentemente assumiram o campo de Zamzam em Darfur, deslocando mais 400 mil pessoas.
Além das mortes, 24,6 milhões de habitantes enfrentam insegurança alimentar, com 8,1 milhões em situação de emergência. O Sudão ocupa a 110ª posição no Índice Global da Fome de 2024, refletindo uma fome grave.
A OMS aponta que o conflito devastou terras agrícolas e reduziu a produção de alimentos. O fechamento da Usaid, agência de ajuda internacional dos EUA, e a violência contra trabalhadores humanitários têm dificultado a ajuda.
Conflitos internos entre Burhan e Hemeti exacerbam a situação, após o golpe que depôs Abdalla Hamdok, o então primeiro-ministro. O planejamento de integração das RSF ao Exército falhou, intensificando a crise.
A realidade política no Sudão afeta também os países vizinhos, que já enfrentam instabilidades. O especialista Lucas de Oliveira Ramos sugere fortalecer a IGAD para buscar um cessar-fogo e facilitar conversas que possam mitigar o conflito.