Guerra comercial se intensifica e inaugura nova fase nas relações com Pequim
A crescente diversificação das exportações chinesas para a América do Sul traz riscos e oportunidades ao Brasil. O país deve se beneficiar com insumos mais baratos, enquanto a demanda por commodities pode apresentar um crescimento modesto, dependendo do cenário global.
A história da economia brasileira mudou significativamente com o aumento do comércio com a China neste século, transformando o Brasil em um grande exportador de commodities como soja, petróleo e minério de ferro.
Analistas identificam riscos e oportunidades, especialmente com a guerra comercial iniciada pelo governo Trump. O mercado brasileiro deve receber mais produtos chineses, impulsionado pela diversificação das exportações chinesas, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Lucas Ferraz, da FGV, acredita que a oferta excessiva pode beneficiar o Brasil por meio de insumos mais baratos, aumentando a competitividade da indústria. Contudo, a onda de produtos chineses baratos é uma preocupação, embora o governo tenha instrumentos para conter práticas desleais.
O preço das commodities internacionais está em queda, e o barril de petróleo Brent atingiu o menor valor desde 2021. Apesar disso, o governo não demonstra preocupação e descarta medidas imediatas.
Lia Valls, do FGV IBRE, destaca que a demanda chinesa é promissora, com crescimento de 5,4% do PIB no primeiro trimestre, o que pode reverter a redução das exportações brasileiras para a China em 2024.
A secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, aponta que a queda nos preços das commodities e a quebra de safra em 2024 impactaram as exportações. No entanto, há potencial para aumento, especialmente na soja.
Especialistas acreditam que, se a China repetir acordos do passado, as exportações brasileiras podem crescer, embora a dinâmica dependa de fatores como a concorrência com os EUA.
As importações devem continuar a alta, com foco em insumos e bens de capital. A China consolidou-se como o maior parceiro comercial do Brasil, representando 28% das exportações brasileiras e 24,3% das importações.
A perspectiva para os próximos anos é positiva, com a China liderando o mercado global e mostrando grande capacidade de absorção de produtos brasileiros.