Grileiro ‘ostentação’ construiu império de fazendas de gado e soja em terras da União, diz PF
Debs Antônio Rosa, apontado pela PF como líder de uma organização de grilagem de terras, solicita habeas corpus para contestar sua prisão e o sequestro de R$ 607 milhões em bens. A defesa argumenta irregularidades na requisição de relatórios financeiros sem autorização judicial.
Debs Antônio Rosa, acusado de liderar uma organização criminosa de grilagem de terras na região Norte do Brasil, solicitou habeas corpus para contestar sua prisão e o sequestro de bens avaliados em R$ 607 milhões.
O pedido foi feito ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, em Brasília. A defesa argumenta que a Polícia Federal (PF) requisitou relatórios do Coaf sem autorização judicial.
Rosa foi preso em 21 de agosto durante a Operação Imperium Fictum, que resultou na detenção de outros oito investigados. A PF o descreve como o chefão da grilagem, com um estilo de vida luxuoso e envolvido em violência contra opositores.
A organização criminosa teria acumulado um patrimônio de mais de R$ 1 bilhão com grilagem de pelo menos 23 propriedades rurais, obtendo financiamentos fraudulentos de R$ 8,4 milhões e inflacionando o valor das terras griladas.
A PF revelou um modus operandi complexo, com etapas que incluíam a criação de processos falsos no Incra e a manipulação de registros públicos. Rosa é suspeito de diversos crimes, incluindo homicídio e lavagem de capitais, e utilizava familiares em sua organização.
A arquiteta Natássia Rodrigues Fernandes, mulher de um dos líderes do esquema, é investigada por lavagem de capitais. Seu histórico financeiro mostra movimentações incompatíveis com sua renda declarada, sugerindo um papel de laranja no crime.
A PF aponta que a Agro Fazenda Talismã, de Rosa, provavelmente é utilizada para ocultação de bens e é associada a práticas de grilagem. As investigações mostram que Rosa criou identidades falsas para evitar a responsabilização criminal.
O juiz Carlos Gustavo Chada Chaves considera haver provas suficientes para a formação de uma organização criminosa dedicada à grilagem de terras. O bloqueio de bens foi solicitado para assegurar o ressarcimento de danos.
Sobre a defesa, o advogado de Rosa, Ronaldo Marinho, afirma que a requisição de inteligência financeira pela PF é ilegal, chamando a atenção para a jurisprudência que proíbe essa prática sem autorização judicial.