Governo vê margem pequena para adiamento de tarifa de 50% dos EUA, diz jornal
Negociações para evitar tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros se complicam. O governo Lula enfrenta dificuldades para estabelecer diálogo com a administração Trump antes da implementação da medida.
A nove dias do tarifaço dos EUA, o governo Lula e o setor privado veem a suspenção da tarifa de 50% como cada vez mais remota. O temor é que a medida seja implementada a partir de 1º de agosto.
Informações de O Globo indicam que o envio de uma missão oficial a Washington está em avaliação, mas sem decisão. Os obstáculos incluem o tratamento do Brasil pela gestão Trump e a missão parlamentar brasileira nos EUA de 29 a 31 de julho.
Desde maio, o Brasil aguarda uma resposta dos EUA sobre uma proposta de negociação, que não foi oficialmente respondida. O Itamaraty reiterou o pedido na última semana. Enquanto isso, o Brasil insiste em um canal institucional para evitar a tarifa.
Nesta quarta-feira (23), o Brasil criticou na OMC o uso de tarifas como coerção política, alertando para riscos econômicos globais. O embaixador Philip Gough destacou que negociações baseadas em jogos de poder são perigosas.
A estratégia brasileira se concentra em intensificar a diplomacia e mobilizar empresas americanas para pressionar Washington, seguindo o exemplo da União Europeia, Canadá, e México.
Retaliações diretas com elevação de tarifas americanas estão descartadas. Empresários temem impacto inflacionário interno. O governo considera intervenções em áreas sensíveis, como patentes farmacêuticas e tributação de produtos culturais.
Com US$ 40 bilhões em exportações para os EUA em 2024, o Brasil representa apenas 1,2% das importações americanas. Diplomatas acreditam que a presença de integrantes do Executivo seria essencial para desbloquear o diálogo.
O ambiente político é tenso, com críticas de Lula ao protecionismo de Trump e ações dos EUA contra magistrados brasileiros. A suspensão de vistos pelo Departamento de Estado aumentou a tensão entre os dois países.