Governo Lula prepara política nacional para minerais críticos, enquanto EUA manifestam interesse no produto
A crescente demanda dos EUA por minerais críticos brasileiros pode intensificar a crise comercial entre os dois países. O governo Lula busca estratégias para maximizar o valor agregado desses recursos, enquanto negociações complicadas se desenrolam ante a iminente sobretaxa americana.
Crise Brasil-EUA se intensifica com interesse da Casa Branca em minerais críticos e estratégicos brasileiros, fundamentais para o comércio que atingiu US$ 81 bilhões em 2024.
O governo Lula está finalizando uma política nacional de minerais críticos chamada de Mineração para Energia Limpa (MEL), visando:
- Ampliar a participação de pequenas empresas.
- Permitir emissão de debêntures incentivadas para financiar projetos.
- Criar estímulos para mapeamento geológico.
Minerais como lítio, cobre, silício, grafita e terras-raras despertam a atenção de potências econômicas como EUA e China, em setores como energia renovável e alta tecnologia.
Na quarta-feira, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA, Gabriel Escobar, manifestou interesse em acessar esses minérios, levanta a possibilidade de troca em negociações sobre uma sobretaxa de 50% que começará em agosto.
O subsolo brasileiro é monopólio da União, atribuída por concessões. Isso pode dar ao Brasil uma vantagem nas negociações, embora não haja clareza sobre como os EUA pretendem acessar esses produtos.
Jorge Boeira, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), destaca que simplesmente possuir reservas não garante um papel estratégico, enfatizando a importância de transformar esses recursos em produtos de maior valor agregado.
Boeira sugere que, ao associar a exportação de minerais ao fortalecimento da indústria nacional, o Brasil pode negociar inserção em setores avançados.
Enquanto isso, o presidente americano, Donald Trump, vincula negociações envolvendo a sobretaxa a questões internas do Brasil, como o tratamento ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Dados do ministério mostram que o Brasil possui:
- 12,3% das reservas de níquel.
- 26,4% das reservas de grafita.
- 19% das reservas de terras-raras.
- 4,9% das reservas de lítio.
- 94% das reservas de nióbio.
As terras raras são essenciais para setores de alta tecnologia, como energia verde e eletrônicos, e são menos abundantes que outros minerais estratégicos.