Google vê risco de ‘censura’ em ação do Marco Civil no STF e faz rodada de conversas em Brasília
Google busca dialogar com o STF sobre moderar conteúdos e evitar a censura. Presidente de assuntos globais defende o artigo 19 do Marco Civil, enquanto o julgamento se aproxima de uma decisão que pode impactar as plataformas digitais.
BRASÍLIA – O julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet avança, enquanto o Google discute o assunto com representantes dos Três Poderes.
O presidente de assuntos globais do Google, Kent Walker, se encontrou com o ministro Cristiano Zanin e manifestou preocupações sobre possíveis consequências do julgamento, que pode responsabilizar as plataformas pelo conteúdo de seus usuários.
Walker alertou para o risco de censura, já que cinco ministros defenderam novas obrigações para as big techs na moderação de conteúdo. O Tribunal deve decidir se as empresas podem ser punidas sem ordem judicial.
Walker defende que o artigo 19 determina que as plataformas só devem remover conteúdo mediante ordem judicial e sugere três temas de responsabilização: ameaças à democracia, incitação à violência e ameaças a crianças e adolescentes.
Ele argumentou que um dever de cuidado expandido pode levar a remoções excessivas de conteúdo, incluindo material politicamente relevante.
Walker ressaltou que o Google está preparado para lidar com desinformação nas eleições de 2026, destacando que, no passado, a empresa conseguiu mitigar interferências e remover conteúdos enganosos rapidamente.
Ele citou o exemplo de um vídeo manipulado da ex-presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, que foi removido sem ordem judicial por ser enganoso.
Por outro lado, o Facebook enfrentou críticas por sua resposta lenta em uma situação similar.
A preocupação com a desinformação é crescente, especialmente em contextos eleitorais, onde a moderação de conteúdo se torna crítica.