General Dutra confirma que falou em desmobilizar acampamentos
General Gustavo Dutra depõe sobre reunião com Anderson Torres e desmobilização de acampamentos. A audiência, parte da investigação sobre a tentativa de golpe de 2022, também conta com depoimentos de outros envolvidos.
General Gustavo Henrique Dutra confirmou ter se reunido com o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, para discutir a desmobilização dos acampamentos em janeiro de 2023.
Durante seu depoimento ao STF nesta sexta-feira (30.mai.2025), Dutra afirmou que o encontro ocorreu em um “café de cortesia” no dia 6 de janeiro, mostrando a Torres fotos que comprovavam que os acampamentos estavam “vazios”.
Dutra afirmou que havia cerca de 200 pessoas no local, a maioria moradores de rua, e que levou a secretária de Desenvolvimento Social do DF para ajudar na situação. Ele declarou que discutiram medidas para prender os líderes dos acampamentos.
Dutra foi indicado como testemunha de Anderson Torres na ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado em 2022. O ex-secretário foi ministro da Justiça no governo Jair Bolsonaro.
O depoimento de Dutra foi antecipado após intimação do ministro Alexandre de Moraes, já que o general havia faltado duas vezes às convocatórias. A secretária Ana Paula Marra, que participou da reunião, corroborou a informação, ressaltando que seu comparecimento foi requisitado e de tom formal.
O general, que dirigiu o Comando Militar do Planalto de julho de 2021 a abril de 2023, foi demitido por Lula na tentativa de afastar militares envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ele foi investigado pelo Ministério Público Militar sobre uma possível falha de planejamento durante os eventos extremistas.
No depoimento prestado à CPI do 8 de Janeiro, Dutra afirmou que o Exército possuía uma “estratégia indireta” para desmobilizar os acampamentos, negando omissão por parte dos militares.
Ele convenceu Lula a não prender os extremistas após a invasão dos Três Poderes, argumentando que a ação poderia acabar de forma violenta.
No dia seguinte, 9 de janeiro de 2023, a Polícia Federal deteve os acampados e a polícia militar do DF desmobilizou o local.
A 1ª Turma do STF iniciou os depoimentos das testemunhas na tentativa de golpe em 19 de maio. Na audiência do dia 30, a defesa de Torres desistiu de ouvir várias testemunhas. Os depoimentos devem ser concluídos até 2 de junho.