Gasto do governo está por trás da 'força' da economia, mas desaceleração já começou, diz Bradesco
Economista explica fatores que sustentam o crescimento acima das expectativas da economia brasileira, como os estímulos fiscais e o aumento do PIB potencial. Contudo, alerta para sinais de desaceleração iminente devido ao alto juro real e às incertezas globais.
A economia brasileira tem mantido crescimento acima das projeções desde 2021, impulsionada por estímulos fiscais de gastos federais e estaduais, segundo o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa.
No entanto, a desaceleração já começou, conforme dados do PIB do primeiro trimestre. Honorato destaca que, mesmo com a alta dos juros, o PIB cresceu 1,4% devido a:
- Gastos públicos: Federais e estaduais com transferências de renda e estímulos fiscais.
- Aumento da poupança: Famílias geraram colchões para consumo.
- Ampliação dos programas sociais: Benefícios concedidos pelo Judiciário.
A segunda razão do crescimento é um PIB potencial mais alto, entre 2% e 2,5%, em comparação a 1,5% e 2% anteriormente. Isso tem gerado um crescimento acima do potencial, evidenciado por:
- Déficit externo crescente;
- Baixo desemprego;
- Crescimento de salários;
- Inflação crescente.
Honorato acredita que a economia deve desacelerar, com sinais como crescimento estagnado das importações e aumento da inadimplência no crédito.
A alta dos juros, com juro real alcançando 9% ao ano, está "esfriando a economia". O Banco Central (BC) estima que a política monetária levará cerca de nove meses para ter efeito, o que contrasta com os estímulos fiscais previstos para 2026.
Honorato prevê que, se a economia perder fôlego, o BC pode começar a cortar juros ainda neste ano, possivelmente em dezembro.
O cenário externo, caracterizado por grande incerteza, deve impactar as decisões de investimento. Apesar disso, o esfriamento da economia global pode beneficiar o Brasil ao ajudar a controlar a inflação.