Fundo de pensão do Amapá investiu R$ 400 milhões em letras do Banco Master
Investimentos do Amprev em letras financeiras do Banco Master levantam preocupações sobre riscos e auditorias. A operação, que representa 5% do total do fundo, é objeto de investigação pelo TCU e discute a capacidade de honrar compromissos do banco.
Amprev, fundo de pensão dos servidores públicos do Amapá, investiu R$ 400 milhões em letras financeiras do Banco Master em meados de 2022.
A operação ocorreu após a demissão de gerentes da Caixa Asset, que haviam barrado um investimento similar por considerá-lo arriscado. O caso agora está sob investigação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Diferentemente dos CDBs, as letras financeiras não têm proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e podem causar perdas ao investidor. É recomendada cautela na avaliação desses títulos por entidades de previdência.
O Banco Master enfrenta discussões sobre sua capacidade de honrar compromissos, especialmente após o anúncio da venda de 58% do grupo para o Banco de Brasília (BRB) em março. Em 2024, o Master tinha R$ 2 bilhões em letras financeiras.
O investimento do Amprev representa 5% de seus R$ 8 bilhões em recursos e é o segundo maior, atrás do Rioprevidência, com quase R$ 1 bilhão. As aplicações começaram em 15 de julho, três dias após a revelação na mídia sobre a demissão dos gerentes da Caixa Asset.
Gestores do Amprev expressaram preocupações sobre riscos e reputação, mas após uma auditoria no Banco Master em 22 de julho, os novos aportes foram autorizados.
Apesar da classificação BBB+ pela Fitch estar abaixo do ideal para investimentos seguros, a nota foi elevada para A- em outubro. Analistas notaram o modelo de negócios do Master como complexo e com riscos elevados.
O crescimento do Banco Master foi impulsionado pela necessidade de captações via letras financeiras, após restrições de captações por CDBs. Em 2024, o banco já se posicionava como o terceiro maior destinatário de aplicações de fundos de pensão.
O Amprev e o Banco Master não comentaram o assunto até a publicação da reportagem. O presidente do Master, Daniel Vorcaro, declarou que as letras financeiras são um produto “normal” de mercado.