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'Fui acusada de sequestrar minhas filhas': a reviravolta do caso Raquel Cantarelli, brasileira sem contato com as crianças há dois anos

Mãe brasileira luta na Justiça pela devolução das filhas após acusação de sequestro internacional. O caso expõe questões complexas sobre subtração de crianças e violência doméstica em disputas judiciais.

Relato de Raquel Cantarelli: Em junho de 2023, a nutricionista brasileira viu suas filhas, de 4 e 6 anos, serem levadas da sua casa no Rio de Janeiro pela Polícia Federal. Raquel descreve o episódio como "traumático, cruel e desumano".

A operação ocorreu após uma determinação judicial que exigia a devolução das crianças à Irlanda, onde nasceram. Raquel havia deixado o país europeu em 2019 sem a autorização do pai, que a acusa de sequestro internacional e nega as alegações de violência.

Processo Judicial: O caso entrou em disputa judicial, com a justiça brasileira inicialmente permitindo que as crianças ficassem no Brasil devido a alegações de risco à integridade delas. Entretanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em 2025, que as crianças devem retornar ao Brasil.

Ainda assim, a devolução depende das autoridades irlandesas. Raquel critica a forma como a operação foi conduzida e a Polícia Federal defende que atuou com respeito e cautela.

Defensoria Pública: A Defensoria Pública da União denunciou o Brasil à Comissão Interamericana de Direitos Humanos por violar os direitos de Raquel e suas filhas, afirmando que a abordagem policial constituiu uma violação de direitos humanos.

Contexto Pessoal: Raquel relata uma vida de abuso enquanto esteve na Irlanda, o que motivou sua fuga. Ela se sente isolada e acredita que sua condição como imigrante influenciou sua capacidade de buscar apoio.

Retorno das Filhas: Apesar das vitórias na justiça, o futuro imediato das crianças depende das decisões das autoridades irlandesas, uma vez que a guarda foi concedida ao pai. O advogado de Raquel acredita que a devolução pode ser um desafio devido à resistência do pai.

Convenção de Haia: O caso destaca questões sobre subtração internacional de crianças e violência doméstica. A legislação internacional exige que o retorno das crianças seja assegurado, mas certas exceções são reconhecidas quando há risco à segurança.

Implicações Legais: O governo brasileiro está se mobilizando para tratar do assunto, mas a situação de Cantarelli levanta a questão sobre a efetividade da proteção de crianças em casos de violência doméstica e a necessidade de reformulações legais.

O caso de Raquel Cantarelli continua a ser um ponto focal na discussão sobre os direitos de mães brasileiras que fogem de situações de violência, além de despertar atenção para as inconsistências nos sistemas judiciais internacional e nacional.

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