Fugir de tarifa indo para outros mercados pode ser tiro no pé, diz diretor de exportadora de frutas
Exportadores do Vale do São Francisco enfrentam incertezas e potenciais perdas financeiras significativas devido à nova tarifa de 50% anunciada pelo governo Trump. A dependência do mercado americano e a escassez de alternativas de escoamento estão colocando em risco contratos e empregos na região.
Imposição de tarifa de 50% pelos EUA gera preocupação entre exportadores brasileiros
Com o anúncio do governo Trump de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, exportadores de manga e uva do Vale do São Francisco enfrentam prejuízos milionários.
A região, com produção em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), responde por mais de 90% da exportação dessas frutas. A GrandValle, principal produtora, estima perdas de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões apenas com as mangas.
O diretor da GrandValle, Luca Balallai, expressa preocupação com a falta de destinos alternativos, afirmando que “não temos outros mercados” para escoar a produção caso a tarifa se concretize.
A Coopexvale, cooperativa de 37 empresas, planeja redirecionar parte das cargas para Europa e mercado interno. “Prefiro vender barato do que não vender”, diz o gerente comercial Cristhian Diaz.
Muitas empresas avaliam realocar 50% das cargas, mas o cenário permanece nebuloso. Balallai menciona que as negociações com clientes americanos estão em andamento para reajustar preços, mas sem garantias de aceitação.
A possível taxação também ameaça a empregabilidade na região, com cerca de 400 empregos em risco na GrandValle devido à dependência das exportações para os EUA.
Além da manga, metade das uvas exportadas pela empresa têm como destino os EUA, e uma estratégia envolve redirecionar a produção ao mercado interno.
Michel Nasrallah, fundador da Lina Frutas, alerta para a suspensão de embarques e a concorrência em preços. Outros exportadores também enfrentam incertezas, com algumas colheitas ainda não iniciadas, aguardando diretrizes governamentais.