Fraude do INSS afetou aposentados com deficiência e analfabetos, diz relatório
Investigação revela fraudes em descontos de aposentadorias do INSS, afetando principalmente idosos e pessoas com deficiência. Controladoria-Geral da União e Polícia Federal apuram irregularidades que podem somar R$ 6,3 bilhões.
Investigação sobre fraudes no INSS revela vítimas vulneráveis
Uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) aponta que pessoas vulneráveis, como moradores de zonas rurais, deficientes, doentes e analfabetos, são as principais vítimas de descontos indevidos em aposentadorias do INSS.
Um caso emblemático envolve um aposentado de Manacapuru (AM), associado a uma entidade a 957 km de sua residência. A CGU considera improvável que um aposentado de 78 anos percorra tal distância para se associar.
Na última quarta (23), a Polícia Federal (PF) e a CGU anunciaram operações para investigar desvios que podem totalizar R$ 6,3 bilhões.
A CGU identificou 14 aposentados com descontos em seus vencimentos associados a entidades distantes. A maioria dessas vítimas é idosa, reside na zona rural e enfrenta dificuldades de acesso ao INSS.
A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), que organizou alguns dos descontos, declarou estar à disposição para cooperação com os órgãos de controle.
Um relatório indicou que 1.172 dos 1.198 aposentados entrevistados não autorizou os descontos. Casos de novos descontos após pedidos de cancelamento também foram encontrados.
A CGU ressaltou que a falta de habilidades digitais entre os beneficiários dificulta a identificação de descontos não autorizados, o que compromete a proteção aos hipossuficientes.
A assessoria do INSS informou que os acordos com entidades foram suspensos e que a devolução dos descontos não reconhecidos será avaliada pela Advocacia Geral da União.