'Francisco fez um papado de resistência à extrema direita'
Papa Francisco deixa legado de inclusão e resistência à direita global durante seu papado de 12 anos. A escolha de seu sucessor será crucial para a continuidade de suas reformas e visões progressistas para a Igreja Católica.
Papa Francisco morreu nesta segunda-feira (21/4) e deixou um legado importante para a Igreja Católica, segundo o teólogo Gerson Leite de Moraes, professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Durante seus 12 anos à frente do Vaticano, Francisco promoveu a inclusão de homossexuais ao permitir bênçãos para casais do mesmo sexo e criticou a concentração de riqueza e a exclusão de imigrantes.
Moraes destaca que Francisco foi uma voz de resistência à extrema direita, insistindo na necessidade de um cristianismo coerente com os ensinamentos de Jesus no século 21. A continuidade de seu legado dependerá da escolha de seu sucessor.
O papa nomeou 108 dos 135 cardeais que votarão no próximo papa, priorizando aqueles com visões progressistas. O cardeal filipino Luis Antonio Tagle é um forte candidato, mas a situação política pode favorecer a escolha de um papa europeu.
Em entrevista, Moraes enfatiza que o papado de Francisco foi um marco de mudança nas pautas da Igreja, abordando questões como meio ambiente, desigualdade social e direitos dos imigrantes.
Francisco implementou medidas concretas, como o combate à pedofilia e corrupção, equilibrando simbolismo e prática. Sua abordagem buscava inclusão, ao contrário do retrocesso promovido por forças conservadoras.
Apesar do avanço, Moraes alerta que a escolha do novo papa pode resultar em retrocessos. Ele ressalta que a escolha é tanto espiritual quanto política e que a situação da Europa e suas divisões políticas são fatores importantes a serem considerados.
Por fim, a possibilidade de um novo papa latino-americano é considerada remota, com preferências por cardeais de outras regiões, especialmente no contexto atual de polarização global.