França combate os ‘dupes’, perfumes que imitam marcas icônicas e são vendidas por um preço 10 a 15 vezes menor
Cresce o fenômeno dos “dupes” que imitam fragrâncias icônicas, democratizando o acesso a perfumes sofisticados, mas ameaçando a tradição olfativa francesa. A popularidade nas redes sociais e a falta de proteção legal estão deixando os criadores de perfumes em alerta.
França vive revolução no mercado de perfumes com a ascensão dos “dupes”, fragrâncias que imitam marcas icônicas a preços baixos, geralmente 1/10 a 1/15 do original.
O termo dupe significa "enganar" em inglês e francês, sendo usado para descrever imitações menospreciadas por fabricantes que preferem o termo “equivalência”. A questão se intensificou nos últimos 2-3 anos, especialmente nas redes sociais, onde a hashtag #dupe já contabiliza bilhões de visualizações no TikTok.
Defensores dos “dupes” argumentam que democratizam o acesso a perfumes sofisticados, com a maioria dos consumidores sendo da geração Z, abaixo de 30 anos. A tendência se expandiu rapidamente, com influenciadores promovendo listas de equivalências nos formatos mais variados.
Marcas como Adopt e Les Parfums d’Igor estão entre as que oferecem versões mais baratas de fragrâncias famosas. Apesar de algumas marcas abrirem essa comparação, o risco de ações judiciais por uso indevido da marca é real, dado o vácuo jurídico sobre a proteção dos aromas na França.
A associação dos criadores de perfumes alerta que as cópias banalizam a criação artística e podem ter impacto negativo na economia, limitando inovações e investimentos em novas fragrâncias.
O know-how da cidade de Grasse, reconhecida como capital mundial da perfumaria, é das principais razões pela qual a França mantém sua posição de destaque. A maioria dos “dupes” utiliza ingredientes sintéticos e baratos, resultando em produtos de curta duração.
O setor de perfumes gera € 8 bilhões em exportações anualmente e a federação francesa Febea luta contra os “dupes”, com um foco especial em produtos vendidos por plataformas asiáticas, que não seguem normas europeias.
No Brasil, os “dupes” também estão em alta, com imitações de perfumes importados se popularizando, principalmente entre os camelôs. A França, com seu histórico na perfumaria, enfrenta o desafio de manter a originalidade e a exclusividade de suas fragrâncias.