Flip convida Ilan Pappe, grande crítico de Israel, em momento dramático de Gaza
Ilan Pappe critica a resposta de Israel à crise em Gaza como genocídio e defende que a situação atual reflete uma ideologia de sub-humanização dos palestinos. O historiador argentino é um dos destaques na Festa Literária Internacional de Paraty, onde discutirá suas ideias controversas sobre o conflito.
Ilan Pappe, historiador israelense crítico de seu país, chega ao Brasil nesta semana durante a crise em Gaza.
Ele participará da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), com uma mesa dedicada no dia 1º. Sua mediatização será feita por Arlene Clemesha da USP.
Pappe lançará seu livro "A Maior Prisão do Mundo" em São Paulo nos dias 5 e 6 de setembro.
A curadora da Flip, Ana Lima Cecilio, justificou seu convite dizendo que o autor traz uma visão crítica e sensata sobre a “barbaridade” da morte de crianças.
Com 70 anos, ele é um dos novos historiadores israelenses, reconhecido por desafiar narrativas tradicionais desde os anos 1980, tendo escrito obras como "A Limpeza Étnica da Palestina".
Pappe, que se mudou para o Reino Unido em 2007 por ameaças de morte, leciona na Universidade de Exeter e analisa a atual crise enfatizando que Israel age com intenção genocida.
A resposta israelense à recente onda de violência, que deixou 1.200 mortos em Israel e 60 mil em Gaza, é considerada desproporcional por muitos.
Pappe classifica a situação em Gaza como genocídio, ressaltando que a destruição de infraestrutura civil não é uma necessidade militar.
A Unicef descreveu Gaza como uma "história macabra", com a divulgação de imagens de crianças desnutridas e o aumento das mortes por fome.
Israel foi acusado de dificultar a distribuição de comida, enquanto mais de 800 palestinos foram mortos ao buscar alimentos.
Em resposta à pressão internacional, Israel anunciou o lançamento aéreo de comida e corredores humanitários para Gaza.
Pappe critica a percepção de que os palestinos são sub-humanos e atribui essa ideologia à influência crescente de forças políticas racistas em Israel.
Ele se apresenta como uma voz isolada em seu país, desafiando a falta de coragem moral entre intelectuais israelenses para criticar o sionismo.