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Fim do regime 6x1 pode trazer perda de 16% do PIB, aponta estudo da Fiemg

Estudo da Fiemg aponta que a proposta de redução da jornada de trabalho pode causar perdas significativas para a economia brasileira, com impacto negativo no PIB e no emprego. Especialistas defendem que sem aumento da produtividade, a mudança pode acentuar a informalidade e a precarização das relações de trabalho.

Proposta de redução da jornada de trabalho em tramitação no Congresso pode ter impacto negativo na economia do Brasil, com uma redução de até 16% no PIB e R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos, conforme estudo da Fiemg.

Sem aumento da produtividade, as empresas enfrentariam maior custo, perda de competitividade e possível fechamento de 18 milhões de postos de trabalho.

Em cenário hipotético, a redução da carga horária poderia causar R$ 480 bilhões na diminuição da massa salarial. Com aumento de 1% na produtividade, as perdas de empregos podem chegar a 16 milhões.

O estudo foi apresentado durante o encontro “Jornada 6x1 e os Impactos nas Relações de Trabalho” e enfatiza que aumento da produtividade é essencial para evitar perdas econômicas, conforme Daniel Duque da FGV-Ibre.

O Brasil apresenta 23% a menos de produtividade comparado a um trabalhador norte-americano. Fatores como infraestrutura e educação são citados como causas do déficit.

Gilberto Braga, do Ibmec-RJ, argumenta que o Brasil precisa melhorar a produtividade antes de reduzir a jornada de trabalho. Reduções sem aumento de produtividade elevarão o custo do trabalho e podem aumentar a informalidade.

A pesquisa indica que a redução poderá resultar em precarização do trabalho, ampliando a informalidade atual de 38,3%. E a competitividade dos produtos nacionais também estará em risco frente a países como México e China, que mantêm jornadas mais longas e custos menores.

Para algumas economias desenvolvidas, a redução da jornada foi acompanhada de investimentos em tecnologia e educação, enquanto que a França não obteve resultados positivos após a redução.

Duque prevê que uma redução de jornada pode inicialmente aumentar o salário por hora, mas pode resultar em demissões e efeitos econômicos negativos a médio prazo. Enquanto isso, debate sobre a educação avançada é promovido, apontando para a geração de valor e mão de obra capacitada.

Clemente Ganz Lucio destaca que a redução da jornada pode estimular as empresas a investir em produtividade, porém, a discussão deve considerar os efeitos diferentes em cada setor. É possível implementar processos gradativos e alternativas que estimulem a produtividade.

O sociólogo e ex-diretor do Dieese acredita que a economia está preparada para uma nova redução da carga horária, com o custo de produção alinhado ao incremento de produtividade acumulado desde 1988, e defende uma perspectiva de desenvolvimento industrial.

No geral, reduções devem ser acompanhadas de estratégias que considerem o aumento de consumo durante as horas não trabalhadas, contribuindo assim para a economia.

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