Fama do dólar como 'porto seguro' está ameaçada, dizem gestores de fundos
A desvalorização do dólar sinaliza uma crise de confiança entre investidores, reforçada pela instabilidade das políticas comerciais dos EUA. Especialistas alertam para uma possível transição de um sistema financeiro dominado pelo dólar para uma abordagem mais multipolar, com maior ênfase em outras moedas.
A fama do dólar dos EUA como refúgio global está ameaçada por erros na política e aumento das barreiras comerciais, segundo gestores de fundos.
Na sexta-feira (11), o dólar caiu para o nível mais baixo em três anos em relação ao euro, após Donald Trump anunciar tarifas "recíprocas" acentuadas.
Essa situação gerou um alerta de investidores sobre uma “mudança tectônica” na economia mundial se o dólar perder a confiança como 'porto seguro'.
Bob Michele, da JPMorgan Asset Management, afirmou que “agora há um bom argumento para o fim do excepcionalismo do dólar americano”.
Historicamente, a estabilidade da economia dos EUA fez do dólar a moeda de reserva mundial, permitindo baixos custos de empréstimos e financiamento de déficits.
No entanto, uma venda simultânea de ativos dos EUA indica uma perda de confiança entre investidores internacionais.
Bert Flossbach, da Flossbach von Storch, afirmou que a “política tarifária caótica de Trump” mina a posição do país como porto seguro.
Brad Setser alertou sobre o aumento da incerteza política e a possibilidade de mudanças no uso do dólar globalmente.
Edward Fishman previu uma mudança para um sistema "multipolar", com moedas como o euro desempenhando um papel maior.
A queda do dólar é atípica, pois normalmente a tensão financeira global fortalece a moeda.
Economistas observaram que, para países que impõem tarifas, suas moedas deveriam se fortalecer.
Mike Riddell, da Fidelity International, apontou que o movimento recente parece refletir uma fuga de capital.
Por outro lado, conselheiros econômicos de Trump enfatizaram que um dólar forte tem custos, que podem influenciar ações adicionais para depreciar o dólar.
Michael Krautzberger questionou quais poderiam ser os próximos passos, à medida que o conflito escala.