Ex-diretor da PRF confirma operação no Nordeste no dia da eleição, mas nega direcionamento político
Djairlon Henrique Moura defende a legalidade das operações da PRF durante as eleições de 2022, alegando que visavam coibir crimes eleitorais. Declarações contraditórias levantam questionamentos no STF sobre a atuação da Polícia Rodoviária Federal.
Ex-diretor da PRF nega direcionamento político
Djairlon Henrique Moura, ex-diretor de operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), afirmou à STF que não houve direcionamento político nas operações de fiscalização durante o segundo turno das eleições de 2022.
Em seu depoimento, ele explicou que a atuação da PRF visava investigar crimes eleitorais, como o transporte irregular de eleitores e dinheiro.
Moura depôs como testemunha de defesa do ex-ministro Anderson Torres, réu na ação penal relacionada à tentativa de golpe de Estado após as eleições.
Ele revelou que a operação foi solicitada pela Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e focou em ônibus com destino ao Nordeste. “O objetivo era coibir o transporte irregular de passageiros e recursos financeiros”, defendeu.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, destacou contradições nas declarações de Moura, que confirmou discussões sobre a operação, mas não participou da reunião que solicitou apoio específico ao Nordeste.
A PGR acusa membros da PRF de tentarem interferir no deslocamento de eleitores. Moura é um dos indiciados, suspeito de dificultar o transporte de eleitores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Outro depoente foi Saulo Moura da Cunha, ex-diretor da Abin, que relatou ter enviado alertas sobre uma movimentação atípica de pessoas com discursos extremistas em Brasília entre 2 e 8 de janeiro de 2023.
Os depoimentos são parte das oitivas da defesa de Anderson Torres. Ao todo, 25 testemunhas serão ouvidas no STF. A ação penal é desdobramento da denúncia da PGR de março de 2024, que inclui ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 32 réus.