Ex-chefe da Aeronáutica reafirma apoio da Marinha em trama golpista e ameaça de prisão a Bolsonaro
Depoimentos revelam tentativas de golpe no Brasil em 2022, com envolvimento de líderes militares. Almir Garnier, chefe da Marinha, teria oferecido apoio a Jair Bolsonaro em plano para impedir a posse de Lula.
Depoimento ao STF: Carlos Baptista Junior, ex-comandante da Aeronáutica, revelou que o almirante Almir Garnier ofereceu tropas da Marinha a Jair Bolsonaro para um intento golpista em novembro de 2022.
Baptista Junior disse que essa posição divergiu da de Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que tentou dissuadir o presidente sobre a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Baptista, Garnier afirmou em uma reunião que suas tropas estariam à disposição de Bolsonaro. O ex-comandante não recordou a data exata, mas destacou que o clima da reunião era tenso.
O general Freire Gomes, em outra reunião, ameaçou prender Bolsonaro caso fosse decretada uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para impedir a posse de Lula, enfatizando sua posição com polidez.
Contudo, ao ser questionado, Freire Gomes afirmou que não deu voz de prisão, mas apontou que a possibilidade foi legalmente considerada.
Em dezembro de 2022, Bolsonaro apresentou um plano de "golpe" com novas eleições e prisões de autoridades do Judiciário, uma proposta que Baptista e Freire Gomes rejeitaram. Baptista se opôs veementemente, questionando a intenção do documento.
Nas conversas, também se discutiu a utilização de instrumentos como GLO e Estado de Sítio para resolver uma "crise institucional", com a participação do então ministro da Justiça, Anderson Torres.
Baptista Junior menciona um brainstorming sobre a prisão de autoridades, incluindo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, durante reuniões no Palácio da Alvorada.
Ele também informou ao general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, que a FAB não apoiaria tentativas de golpe, num encontro durante uma formatura no ITA.
“Nunca conversamos sobre esse assunto. No clima que o Brasil está, preciso falar algo para o senhor. Não vamos apoiar ruptura institucional”, declarou Baptista Junior.