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'EUA têm que nos respeitar e não podem nos tratar como quintal', diz Celso Amorim

Celso Amorim analisa as mudanças na ordem mundial sob Donald Trump e destaca a importância de diversificar parcerias econômicas para o Brasil. Em entrevista, o diplomata critica a renovação da Doutrina Monroe e defende um sistema multilateral de relações internacionais.

Celso Amorim, diplomata e assessor da Presidência, tem 83 anos e acompanha a política internacional há mais de 60 anos. Ele vivenciou a passagem de 11 presidentes americanos e expressou surpresa com as mudanças promovidas por Donald Trump na ordem internacional, afirmando que "agora vale a força".

Amorim foi ministro de Relações Exteriores e da Defesa em várias gestões e atualmente mantém reuniões frequentes com Lula no Palácio do Planalto. Em uma entrevista à BBC News Brasil, ele analisou a "renovação" da Doutrina Monroe e pediu mais respeito ao Brasil, destacando que o país não deve ser tratado como "quintal" dos EUA.

Ele acredita que a nova ordem mundial será mais hostil ao Brasil e que é crucial diversificar parceiros econômicos, não se limitando apenas à China. Sobre a guerra na Ucrânia, Amorim defendeu o diálogo com a Rússia como parte das negociações de paz, afirmando que tentativas de derrotar o país são ilusórias.

No caso da Venezuela, ele negou erros do Brasil em confiar que Maduro garantiria eleições justas, defendendo sempre a aposta no lado positivo. Amorim comentou também sobre os desafios da liderança de Lula na América do Sul em relação à extrema-direita e ao respeito entre os países.

Quando questionado sobre as recentes declarações de Trump e a situação do Mercosul e da Palestina, Amorim se manifestou em favor do diálogo e da paz, destacando o papel do Brasil em fortalecer a integração regional sem depender de um único país, seja EUA ou China.

Em mais questões, ele abordou as tensões entre Brasil e EUA, a política de asilo do país e a importância de manter relações com todos, incluindo a África, em um cenário global complexo.

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