Estímulos do governo atrasam efeito da Selic na atividade econômica, dizem economistas
A defasagem na política monetária brasileira aumentou, impactando a eficácia das altas na Selic. Especialistas observam que os estímulos fiscais estão dificultando a desaceleração da economia e o controle da inflação.
Taxa Selic e Estímulos Fiscais: O Banco Central experimenta dificuldades em desacelerar a atividade econômica e reduzir a inflação devido aos estímulos fiscais em curso. As altas na Selic estão levando mais tempo para surtir efeito.
A defasagem da política monetária aumentou, agora variando entre 12 e 16 meses, segundo economistas. Em 2022, essa defasagem era de nove meses. O economista Gabriel Barros comenta que “o fiscal está entupindo os canais de transmissão da política monetária”.
O governo gastou R$ 278,9 bilhões com o Bolsa Família e o BPC em 2023 e R$ 544,5 bilhões em subsídios para 2024. A Selic já está em 14,75% ao ano, mas a economia continua resiliente, com o PIB superando expectativas.
Dados recentes mostram a taxa de desemprego a 6,6% em abril, o menor nível desde 2012. Economistas alertam que, apesar dos altos juros, a política fiscal expansionista tem reduzido a eficácia da política monetária.
Expectativas de inflação para 2026 e 2027 estão acima da meta de 3% do BC, em 4,50% e 4%, respectivamente. Alex Agostini e Emerson Marçal corroboram que a política fiscal está ofuscando a efetividade dos juros altos.
Fernanda Guardado, ex-diretora do Banco Central, acredita que os juros só cairão em maio de 2026. O Ministério da Fazenda não comentou sobre o assunto.