Estamos prolongando demais a vida dos nossos pets?
Com o avanço dos cuidados veterinários, pets estão vivendo mais, mas a ética em prolongar a vida gera dilemas emocionais. Especialistas discutem a linha entre oferecer tratamento e garantir qualidade de vida, incluindo a eutanásia como uma opção muitas vezes necessária.
A evolução dos cuidados veterinários tem elevado a expectativa de vida dos pets. Cães vivem quase o dobro que há 40 anos, enquanto gatos domésticos vivem o dobro dos felinos selvagens, de acordo com a Allianz Global Investors.
Fatores como:
- melhora na qualidade da alimentação;
- tratamentos semelhantes aos humanos;
- diagnósticos preventivos e visitas regulares ao veterinário
têm contribuído para essa longevidade. Porém, surge a questão: estamos garantindo qualidade de vida ou apenas prolongando o sofrimento?
Casos de dilemas éticos são comuns: o professor Manoel Pereira de Araújo lutou para salvar seus cães Haron e Amy, mas enfrentou a dura realidade da eutanásia quando a saúde de ambos se deteriorou severamente.
A relação entre humanos e animais de estimação tem mudado. Estudos mostram:
- 94% dos brasileiros já tiveram um pet;
- 93% consideram-nos membros da família;
- 55% gastam até R$ 300 por mês com cuidados.
Veterinários observam que muitos tutores têm dificuldade em aceitar a eutanásia, levando a tratamentos prolongados e custosos sem perspectiva de melhora. A oncologista veterinária Juliana Cirillo destaca a importância de um diálogo honesto: "Não é sobre quanto tempo o pet vai viver, mas com que qualidade."
A tecnologia na medicina veterinária tem avançado, oferecendo tratamentos de ponta, mas especialistas alertam para a ética no cuidado animal. Svenja Springer enfatiza: "A pergunta não é 'podemos fazer isso?', mas 'devemos fazer?'."
A eutanásia, vista como um ato de amor, é reconhecida como necessária em casos de sofrimento irreversível. A decisão deve ser tomada em conjunto com um profissional: o veterinário deve apresentar opções e permitir um espaço para decisões difíceis.
Pontuações a considerar na decisão de eutanásia incluem se o animal ainda possui qualidade de vida e se expressa seus comportamentos naturais. "A dor do presente é mais latente para os pets do que a expectativa pelo futuro."
Especialistas sugerem ações que podem ajudar a minimizar a dor emocional durante este processo, como estar presente e proporcionar um último dia memorável para o animal.