Espionagem “reabre feridas antigas”, diz presidente do Paraguai
Presidente paraguaio critica espionagem da Abin e reitera impacto histórico nas relações bilaterais. Negociações sobre Itaipu ficam suspensas enquanto o governo investiga a operação hackeada.
Presidente do Paraguai, Santiago Peña, declarou nesta 6ª feira (4.abr.2025) que a espionagem da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) contra autoridades paraguaias “reabre feridas antigas” e prejudica a confiança no Mercosul.
Em entrevista à Rádio Mitre, Peña citou a Guerra da Tríplice Aliança (1864–1870) para ilustrar o impacto emocional do episódio, que reacende ressentimentos. “São marcas profundas que estamos tentando superar”, afirmou.
A declaração veio após reportagem do UOL revelar que a Abin, durante o governo de Jair Bolsonaro, conduziu uma operação hacker para acessar informações da usina Itaipu, encerrada em março de 2023, após posse de Lula.
O Itamaraty confirmou a operação, afirmando que foi realizada no governo anterior e que assim que tomou conhecimento, suspendeu a iniciativa imediatamente.
NEGOCIAÇÕES SUSPENSAS
Peña anunciou que as negociações com o Brasil sobre Itaipu estão suspensas até que o caso seja esclarecido, destacando a pressão brasileira em tratativas de 2023 e sua preocupação com a situação.
Medidas de resposta incluem:
- Convocação do embaixador paraguaio no Brasil;
- Entrega de uma nota diplomática à embaixada brasileira em Assunção;
- Início de investigações internas sobre segurança cibernética.
Peña comparou a espionagem a ataques de países como a China, e lamentou que o Brasil, “país irmão”, tenha sido o autor da ação. “Nunca imaginaríamos que estaríamos sendo alvos de vigilância por parte de nossos vizinhos”, concluiu.