Especialistas questionam fala de Haddad sobre tarifaço e inflação
Economistas ponderam sobre os efeitos da proposta de Haddad e alertam para a fragilidade da redução na inflação. Aumento do desemprego e dificuldades para as empresas exportadoras são preocupações levantadas.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou em 29.jul.2025 que o tarifaço dos EUA, imposto por Donald Trump, pode reduzir a inflação no Brasil. Economistas, porém, questionam a validade da afirmação.
Haddad argumentou que empresas que vendiam para os EUA terão que focar no mercado interno, aumentando a oferta e, consequentemente, diminuindo preços.
O economista Ecio Costa, da UFPE, destacou que a declaração foi “inocente” e, embora um alívio pontual possa ocorrer, isso não é positivo para o longo prazo. Ele ressaltou as dificuldades logísticas e sanitárias na troca de destinos para importações.
Costa também alertou para a perecibilidade de alimentos, como carne e frutas, que podem não ser comercializados a tempo, resultando em prejuízos.
Alex Agostini, da Austin Rating, afirmou que o custo de estocagem de produtos perecíveis é elevado e pode impactar a redução de preços no curto prazo. No entanto, a queda será “quase imperceptível” na inflação, pois afetará apenas uma dúzia de itens em um IPCA que compõe quase 500 produtos.
Haddad comentou sobre os preços caindo, especialmente em alimentos, mas não respondeu diretamente sobre o impacto nas empresas exportadoras, mencionando um auxílio do governo Lula para proteger essas companhias.
Costa previu aumento do desemprego devido à necessidade de cortes nas empresas afetadas pelo tarifaço.
Trump estabeleceu uma taxa de 50% nas importações brasileiras a partir de 1º de agosto, sem previsão de recuo.
Agostini concluiu que a queda de preços momentâneas não justificam uma redução da Selic em 2025, já que a inflação de serviços e preços administrados continua alta.