Entenda quem são os drusos e por que Israel está bombardeando a Síria em nome deles
A intensificação da violência na Síria destaca a vulnerabilidade da comunidade drusa, que enfrenta pressão tanto de forças governamentais quanto de milícias extremistas. Israel utiliza a proteção deste grupo como justificativa para seus ataques ao regime de Damasco, complicando ainda mais o cenário político da região.
Onda de violência no sul da Síria evidencia a fragmentação do país após 14 anos de guerra civil, colocando a comunidade drusa em uma posição central no xadrez político do Oriente Médio.
No dia 16 de outubro, Israel bombardeou áreas próximas ao palácio presidencial em Damasco, citando a proteção da minoria drusa como motivação. Os drusos, que seguem uma religião derivada do islamismo xiita, são dispersos em Líbano, Jordânia, Israel e Colinas de Golã. Eles se autodenominam al-Muwahhidun e não permitem conversões ou casamentos fora da comunidade.
O grupo é visto como parte do tecido sírio pelo presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, que prometeu proteger os drusos. Na Síria, eles estão concentrados nas regiões de Sweida e Quneitra, somando cerca de 700 mil indivíduos, enquanto a população mundial é de aproximadamente 1,5 milhão.
Em Israel, os drusos representam 150 mil e são o único grupo árabe sujeito à prestação de serviço militar. Muitos servem nas forças armadas, o que lhes confere uma influência política considerável.
A interação entre a Síria e Israel se intensificou após o sequestro de um comerciante druso, levando a confrontos que resultaram em um alto número de mortos. As milícias drusas receiam um ataque das tropas sírias e já houve protestos contra o governo de Bashar al-Assad.
Os drusos enfrentam um dilema: enquanto alguns líderes defendem uma convivência pacífica com Damasco, outros, como o xeque Hikmat al-Hajari, clamam por resistência. Politicamente, figuras como Walid Jumblatt criticam o apoio israelense.
A situação é complicada pela visão de Israel de que o novo governo sírio é uma ameaça jihadista. Sharaa acusou Israel de fomentar divisões entre os sírios e de desestabilizar a unidade nacional desde a queda do regime anterior.