Empréstimos de Wall Street a emergentes geram alerta de riscos
Países em desenvolvimento estão optando por empréstimos diretos de bancos de Wall Street para lidar com a crescente dívida, mas os riscos associados a essas transações podem impactá-los no longo prazo. Enquanto alguns buscam diversificar suas fontes de financiamento, os especialistas alertam para os perigos das taxas flutuantes e das oscilações cambiais.
Nações em desenvolvimento, como Panamá e Angola, estão tomando empréstimos diretamente de bancos de Wall Street para enfrentar o aumento do endividamento e garantir liquidez de curto prazo.
Nos últimos 10 meses, o Panamá tomou emprestado US$ 6 bilhões em empréstimos denominados em dólares, euros e francos suíços.
Angola aumentou seu programa de títulos em janeiro para garantir cerca de US$ 1 bilhão em empréstimos do J.P. Morgan, enquanto a Colômbia está negociando até US$ 10 bilhões em empréstimos em francos suíços.
Esses empréstimos têm vencimentos de curto a médio prazo e taxas flutuantes, possibilitando rendimentos mais baixos. Eles surgem em um contexto de crises de liquidez e altos custos com o serviço da dívida.
Sonja Gibbs, do Instituto de Finanças Internacionais, destacou o interesse em diversificar fontes de financiamento, alertando: “Você não quer todos os ovos na mesma cesta.”
Embora representem apenas uma fração do mercado de financiamento, o total de emissões de títulos em moeda forte por governos e empresas emergentes ultrapassou US$ 450 bilhões em 2023, um aumento de 27% em relação ao ano anterior.
Entretanto, muitos países sob estresse financeiro estão optando por empréstimos diretos, em meio a preocupações com a inflação e cortes de juros nos EUA.
Alguns países, como Brasil e Indonésia, emitiram títulos de vencimento curto, enquanto outros, como o Panamá, buscam empréstimos bancários com taxas de juros mais baixas.
Novas práticas, como swaps de dívida, têm sido adotadas por países como Equador e El Salvador para recomprar títulos mais caros com financiamento concessional.
Contudo, estrategistas de Wall Street, como Jason Keene do Barclays, alertam que não existe almoço grátis, e que esses empréstimos trazem riscos de rolagem e câmbio.