Empresários e executivos de bancos pedem freio nos gastos e alertam para dívida crescente
Banqueiros e empresários ressaltam a urgência de reformas fiscais em evento no Guarujá. O ministro da Fazenda e líderes do Congresso se reúnem para discutir alternativas ao aumento do IOF e ajustes no orçamento.
Desequilíbrio fiscal foi o tema central durante o evento do Grupo Esfera, realizado no Guarujá, SP, onde banqueiros e empresários demandaram ajustes nas contas públicas e a necessidade de um consenso para reformas estruturantes.
No domingo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reunirá com líderes do Congresso para discutir alternativas ao aumento do IOF, um imposto elevado devido à baixa estimativa de receita. As propostas incluem revisão de incentivos fiscais e desvinculação de pisos constitucionais de saúde e educação.
André Esteves, do BTG Pactual, destacou uma mudança de mentalidade, apontando que diferentes setores políticos estão cientes da necessidade de um ajuste. Ele acredita que um clima de consenso está se formando, embora reconheça que aprovar um grande número de medidas não será rápido.
Milton Maluhy Filho, do Itaú, enfatizou a coragem necessária para implementar reformas e alertou sobre o risco de a dívida pública crescer acima do PIB, estimando um aumento de 3% ao ano.
Isaac Sidney, presidente da Febraban, apontou que, apesar de um quadro econômico positivo, o ajuste fiscal é inadiável. Ele afirmou que os empresários também devem se engajar na discussão, dada a alta carga tributária.
Wesley Batista, da J&F, sugeriu que o governo revise gastos sociais e que todos os setores devem colaborar com o ajuste. Ele destacou que a renúncia fiscal alcançou limites e que é necessário ser realista sobre os benefícios esperados.
Quanto aos juros, Esteves e Maluhy relacionaram a elevada Selic com questões fiscais, considerando os juros altos um "mal necessário." Maluhy alertou que a inflação deve continuar acima da meta, exigindo uma política monetária restritiva.
Esteves usou uma metáfora para indicar o desalinhamento entre política fiscal e política monetária, comparando a situação a um carro sendo conduzido com um pé no acelerador e outro no freio. Ele prevê que a Selic poderá chegar a 15% na próxima reunião.