Embate sobre aumento de impostos mostra que governo segue perdendo cabo de guerra com Congresso

Tensa relação entre governo e Congresso continua sem sinais de melhora no curto prazo. Especialistas afirmam que o desequilíbrio de forças favorece o Legislativo, dificultando tentativas do Ministério da Fazenda de aumentar impostos ou reduzir renúncias fiscais.

A crise atual busca uma receita extra de R$ 20,7 bilhões para alcançar a meta fiscal de 2025, com novas propostas de aumento da alíquota do Imposto sobre Operação Financeira (IOF). A medida foi rejeitada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta.

Motta deu 10 dias para que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentasse soluções estruturais de longo prazo. Haddad acredita que seu pacote terá impacto fiscal maior que o anterior.

Em evento no Guarujá (SP), Motta criticou o modelo fiscal atual, afirmando que “transfere angústias para o futuro” e gera injustiça para os mais vulneráveis.

Apesar das promessas de Haddad, o foco permanece no aumento de impostos sobre o sistema financeiro, sem proposta clara de redução de despesas. Motta ainda alertou que não há garantia de aprovação do novo pacote fiscal.

Murilo Aragão, CEO da Arko Advice, destacou que o governo ignora a importância da liturgia entre os Poderes, criando mal-estar no Congresso e reduzindo seu prestígio.

O cientista político Carlos Melo afirmou que o cabo de guerra entre governo, empresários e parlamentares se agravou, resultando na fraqueza do Executivo. O ajuste fiscal deve incluir cortes em benefícios tributários, com gastos tributários previstos em R$ 800 bilhões até 2025.

O governo planeja um corte de 10% nos gastos tributários, mas os detalhes ainda não foram apresentados. Uma nova reunião com líderes do Congresso será agendada sem data definida.