Em entrevista ao FT, Ursula von der Leyen diz que UE pode taxar big techs se acordo não avançar
UE ameaça aumentar tarifas sobre empresas digitais dos EUA em resposta a tarifas de Trump. Presidente da Comissão Europeia alerta para medidas retaliatórias caso negociações não avancem.
A União Europeia está se preparando para implementar suas medidas comerciais mais contundentes contra empresas digitais dos EUA, caso as negociações com Donald Trump não avancem para encerrar a guerra tarifária.
Em entrevista ao Financial Times, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a UE busca um acordo “completamente equilibrado” com Washington durante o intervalo de 90 dias concedido por Trump.
Von der Leyen alertou que, se as conversas falharem, a UE poderá expandir a guerra comercial ao setor de serviços, incluindo um possível imposto sobre receitas publicitárias digitais que afetaria gigantes da tecnologia como Meta, Google e Facebook.
Esse imposto seria aplicado em todo o mercado único europeu, diferente dos impostos sobre vendas digitais, que são aplicados de forma individual por cada Estado-membro.
Sobre a volatilidade nos mercados, Von der Leyen comentou que “não há vencedores nisso, apenas perdedores” e descartou a revisão das regulamentações “intocáveis” da UE sobre conteúdo digital e poder de mercado.
Se as negociações não forem bem-sucedidas, a UE reativará automaticamente as medidas retaliatórias planejadas contra as tarifas dos EUA sobre aço e alumínio.
Ela também mencionou que contramedidas adicionais poderiam atingir o superávit de serviços dos EUA com a UE, uma vez que Trump foca apenas em bens em suas análises comerciais.
“Empresas que oferecem serviços fazem bons negócios neste mercado (da UE). E a grande maioria dos serviços, 80%, vem dos EUA,” disse Von der Leyen.
Quanto aos impactos de uma guerra comercial global, ela reafirmou que a UE “não tolerará” que produtos chineses afetados por tarifas dos EUA sejam redirecionados para a Europa, prometendo salvaguardas se um novo mecanismo detectar aumento nas importações da China.
Von der Leyen também comunicou esse risco ao primeiro-ministro chinês Li Qiang, que afirmou que “esse risco não existe”, pois o foco seria no estímulo ao consumo interno na China.