Elizabeth Hughes, a menina que sobreviveu à 'terapia da fome' — e foi salva pela insulina
Elizabeth Evans Hughes, um dos primeiros pacientes a receber insulina, superou o diagnóstico letal de diabetes tipo 1 e tornou-se um símbolo da luta pela vida. Sua história revela a importância da revolução médica que transformou o tratamento da doença e ainda levanta questões sobre acesso e cuidados para os portadores de diabetes.
Até 1922, o diagnóstico de diabetes tipo 1 era uma sentença de morte. A condição, causada pela falta de insulina, levava à morte após poucos meses, devido à ausência de tratamentos eficazes.
Na terceira década do século 20, alguns médicos desenvolveram as polêmicas "terapias da fome", onde pacientes — geralmente crianças e adolescentes — eram mantidos sem comida por longos períodos. Esses tratamentos muitas vezes resultavam em inanição e morte.
Uma exceção foi Elizabeth Evans Hughes, diagnosticada aos 11 anos, que suportou essa terapia por cerca de dois anos antes de ter acesso à insulina, um novo tratamento desenvolvido no Canadá.
Diabetes tipo 1 impede a produção de insulina. Sem ela, a glicose se acumula no sangue, levando a emergências como a cetoacidose, que pode ser fatal.
Em 1921, Elizabeth iniciou a "terapia da fome", seguida pelo médico Frederick Allen. Em sua pior fase, pesava apenas 20 quilos. Apesar das complicações, seu tratamento foi amplamente conhecido graças à sua posição social.
Em julho de 1922, sua mãe solicitou que ela participasse dos testes clínicos de insulina; após algumas semanas de tratamento, Elizabeth teve melhorias significativas em sua saúde.
Elizabeth se tornou um ícone da nova era no tratamento de diabetes, sendo uma das primeiras a aplicar insulina em si mesma.
A descoberta da insulina foi um marco, com desfechos rápidos e milagrosos. A importância deste avanço é refletida em três prêmios Nobel ao longo dos anos, mas a luta pelo acesso à insulina permanece contemporânea e relevante.
Após se recuperar, Elizabeth se afastou do foco público sobre sua doença, preferindo viver uma vida normal. Formou-se na Universidade Columbia e teve uma carreira ativa até seu falecimento em 1981, aos 73 anos, tendo recebido cerca de 42 mil injeções de insulina ao longo de sua vida.