Economistas veem tarifaço de Trump como o ‘brexit’ americano e o fim da era da globalização
Trump provoca turbulência nos mercados globais com novas tarifas, gerando temores de recessão. Especialistas alertam que suas medidas podem reconfigurar a ordem comercial mundial e elevar custos econômicos drasticamente.
Wall Street já previa que o “Dia da Liberdade” não encerraria a volatilidade no mercado. Com o plano tarifário de Donald Trump, surgiram novas incertezas e temores de recessão global, estimando-se custos de até US$ 30 trilhões.
O plano de tarifas, que inclui uma taxa mínima de 10% sobre produtos importados e alíquotas recíprocas, pode acelerar a fragmentação comercial mundial, sendo comparado a um brexit americano. A proposta visa reformar a ordem comercial global, afirmando que beneficia países com práticas desleais.
Trump, que afirma que “o mundo está roubando os americanos”, pode estar seguindo um planejamento mais amplo. O economista Stephen Miran sugere um sistema que envolve tarifas, defesa e dólar para beneficiar os EUA, mas reconhece que a execução exigirá planejamento cuidadoso.
Dentre as propostas extremos, está a troca de títulos do Tesouro por bonds de longo prazo. Contudo, há ceticismo, com economistas ressaltando que as medidas tarifárias podem ser “as mais caras e masoquistas” já adotadas pelos EUA, conforme Larry Summers.
As recentes declarações de Trump já resultaram na perda de US$ 2,2 trilhões do valor dos mercados globais, e o temor de recessão está crescendo. A consultoria Capital Economics prevê impactos negativos na reputação financeira dos EUA e no status do dólar.
Embora a adoção total do “Acordo de Mar-a-Lago” pareça improvável, os economistas alertam que, com Trump, “nunca se pode dizer nunca”. A consultoria ajustou suas projeções para o S&P 500, reduzindo a expectativa de 7 mil para 5,5 mil pontos.