É possível negar a intenção de genocídio de Israel na Faixa de Gaza?
A decisão do governo brasileiro de apoiar a ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça intensifica o debate sobre a definição e a realidade do genocídio na Faixa de Gaza. Especialistas e autoridades levantam questões sobre as intenções por trás das ações israelenses e os impactos humanitários do conflito.
Governo brasileiro se une à África do Sul na demanda contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), intensificando o debate sobre a intenção genocida nas ações israelenses na Faixa de Gaza.
A ação sul-africana foi instaurada em 29 de dezembro de 2023, e a corte aceitou o caso em 26 de janeiro de 2024, considerando a possibilidade de que Israel esteja violando a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio.
A Convenção define genocídio como atos cometidos com a intenção de destruir grupos nacionais, étnicos, raciais ou religiosos. A intenção de destruir é crucial para distinguir genocídio de crimes de guerra.
Após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, houve um processo de desumanização dos palestinos, com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, fazendo comparações extremas e defendendo a transformação de Gaza em uma “ilha deserta”.
Dados da Universidade Hebraica mostram que 64% dos israelenses acreditam que não existem civis inocentes em Gaza, promovendo a ideia de punição coletiva. Declarações de ministros, como Bezalel Smotrich, defendem a destruição total de Gaza, apoiadas por 82% dos judeus israelenses.
Pesquisas indicam que a população de Gaza diminuiu 17% em 20 meses, e a destruição de infraestrutura essencial, como hospitais e escolas, compromete as condições de habitação, características de genocídio.
Além disso, a falta de alimentos e medicamentos resulta do bloqueio israelense, complicando a situação humanitária. Justin Sampson, do Israel Defense Forces, afirmou que “a única coisa que deve entrar em Gaza” são explosivos.
Segundo analistas, o governo Netanyahu usa a questão dos reféns como justificativa para ações inaceitáveis, mesmo que a maioria dos reféns libertados o tenha sido via negociações.
Mais de quatrocentos especialistas em Estudos de Genocídio se manifestaram, afirmando que as ações em Gaza configuram violência genocida. Grupos humanitários israelenses também denunciam a intenção genocida nas declarações de líderes políticos.
A história demonstrou que genocídios muitas vezes utilizam expulsão e fome como armas, e a intenção de destruir é o que une muitos desses casos. A espera pelo resultado da CIJ não exclui a seriedade das alegações, que não diminuem o trauma do povo judeu e sua memória histórica.
Em conclusão, registros de desumanização e políticas genocidas são discerníveis na situação atual em Gaza, e sua negação vai contra as evidências acumuladas.