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'Doutrina Monroe nunca esteve tão viva': de onde vem a ideia americana de que América Latina é o quintal dos EUA

A reafirmação da Doutrina Monroe por autoridades dos EUA provoca tensões na América Latina, especialmente em relação ao controle do Canal do Panamá. Especialistas alertam para um retorno a uma política intervencionista, reminiscentes do século 19.

Doutrina Monroe: Reavivamento sob Governo Trump

A Doutrina Monroe foi considerada "morta" por John Kerry em 2013, mas especialistas afirmam que ela permanece viva, especialmente com as declarações do atual secretário de Defesa, Pete Hegseth, que enfatizou a necessidade de os EUA retomar a influência na América Latina e Caribe, seu "quintal".

Hegseth criticou a crescente influência da China na região e defendeu a recuperação do controle sobre o Canal do Panamá, que desde 1999 é administrado pelo Panamá. O presidente panamenho, José Raúl Molino, reafirmou a soberania de seu país sobre o canal, apesar das tensões com os EUA, que alegam violações dos Tratados Torrijos-Carter.

Desde os tempos de Theodore Roosevelt, a Doutrina Monroe possui ressignificações que refletem a postura interventora dos EUA na região. A visão atual do governo Trump, sem grandes valores universais, intensifica essa abordagem.

A classificação da América Latina como quintal dos EUA remete à ideia de dominação, onde o país se vê como tutor das nações da região. Especialistas concordam que o momento atual é um dos mais agressivos em relação à Latinoamérica, com Trump adotando uma postura imperialista sem disfarces.

A dependência econômica dos EUA em relação à América Latina pode ter influenciado essa mudança, dado que eles precisam de matérias-primas e mercados consumidores na região, o que justifica a intenção de bloquear a influência chinesa.

Contexto Histórico: A Doutrina Monroe, proclamada em 1823 pelo presidente James Monroe, buscava impedir a colonização europeia na América Latina, mas desde então foi reinterpretada para justificar intervenções dos EUA. Com a ascensão da China como parceiro comercial, as relações se tornaram mais complexas, exigindo que os EUA reafirmem seu controle.

Tais intervenções, que vão desde a América Central até o Caribe, demonstram a combinação de coerção e consenso ao longo da história americana. O atual governo parece dispor-se a tirar o "porrete" das políticas de intervenção, promovendo uma nova era de dominação.

Entretanto, a possibilidade de um confronto com a China e a reação de outros países permanece uma incógnita, levantando questões sobre o futuro da influência estadunidense na região.

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