Dólar versus real: tarifaço, fluxo e fiscal criam barreira à alta da moeda brasileira
Analistas preveem que a continuidade da valorização do real enfrenta desafios, como a incerteza econômica global e os ruídos políticos no Brasil. Apesar das recentes quedas, a demanda por ativos em dólar e a recuperação da economia interna continuam em debate.
Dólar em queda no primeiro trimestre de 2024
Após alcançar R$ 6,30 no fim de 2024, o dólar à vista apresenta uma queda de mais de 6% e opera abaixo de R$ 5,80.
Bancos e gestoras preveem que a taxa de câmbio não ultrapassará R$ 6,00 em 2025. Contudo, analistas apontam para incertezas que podem impactar a valorização do real.
Fatores externos, como a desaceleração da economia americana devido à guerra comercial, e incertezas políticas no Brasil podem limitar a apreciação da moeda brasileira. Dúvidas sobre o fluxo cambial persiste, apesar do avanço da safra agrícola.
A valorização do real foi impulsionada por uma postura menos agressiva de Donald Trump em relação a tarifas comerciais e por um atual medo em torno das “big techs” americanas, que afeta a migração de capitais para os EUA.
O primeiro trimestre também foi caracterizado por um desmonte de posições em dólar e uma busca por ativos descontados. Dados mostram que não residentes reduziram suas posições em mais de US$ 30 bilhões desde o final do ano passado.
Os analistas observam que a volatilidade no saldo comercial e o fluxo financeiro negativo podem dificultar uma continuação da apreciação do real. Queda em ativos brasileiros e dúvidas políticas também minam a atratividade da moeda.
A expectativa é que o fluxo cambial comece a melhorar em função da safra, mas a insegurança política traz preocupação sobre medidas financeiras populistas.
Analistas, como o economista-chefe da Western Asset, veem os riscos da política fiscal e a possibilidade de o dólar atingir R$ 6,00 até o final do ano. Entre as incertezas, a questão da taxa Selic e sua manutenção em patamares altos oferecem proteção ao real.
Conclusão: As incertezas políticas e a situação econômica global influenciam a trajetória do dólar e do real, mantendo o cenário volátil e suscetível a reações rápidas do mercado.