Dólar sob pressão: como a guerra comercial desafia a hegemonia da moeda
A fragilidade do dólar americano em meio à guerra comercial pode impactar o comércio e a dívida dos países latino-americanos. Especialistas apontam para um possível realinhamento das moedas globais e desafios para a competitividade das exportações na região.
A guerra comercial e o ressurgimento do protecionalismo global estão colocando a hegemonia do dólar sob pressão, com crescentes dúvidas sobre seu papel como moeda de refúgio.
A fraqueza do dólar desde o início da guerra comercial entre EUA e China levanta preocupações para países latino-americanos sobre a necessidade de realinhar sua moeda. O índice do dólar americano, DXY, caiu 6,77% até 16 de maio.
Gayle Allard, economista, alerta que o dólar pode perder seu status de moeda 'porto-seguro'. Um dólar mais fraco pode ser benéfico para a América Latina, reduzindo custos de dívida pública e inflação.
Contudo, isso tornaria produtos latino-americanos menos competitivos no mercado dos EUA, resultando em menos crescimento para esses países. Equador, por exemplo, veria um aumento na competitividade de suas exportações não petrolíferas.
Jairo Andrés Rendón destaca a dependência do dólar e observa que a política “America First” do governo Trump está afetando a confiança global. A crescente incerteza política pode remodelar o mercado de títulos do Tesouro dos EUA.
A China está se tornando cada vez mais relevante no comércio global, com maior demanda por transações em yuan. Isso pode indicar uma mudança estrutural no sistema financeiro global, levando a uma diversificação nas reservas internacionais.
Os EUA se opõem à proposta do BRICS de realizar comércio em moedas locais, e o presidente Trump ameaçou tarifas se essa iniciativa avançar. A criação de uma moeda comum pelo BRICS é considerada complicada e sem clareza sobre sua governança.
A saída dos EUA do FMI pode enfraquecer ainda mais a hegemonia do dólar, com possíveis efeitos na liquidez e influência dos EUA sobre a organização. Analistas alertam que essa decisão pode resultar em uma queda na demanda pelo dólar como ativo de reserva global.