Do quartinho à luta: 10 anos da lei das domésticas
Um lembrete sobre a realidade das empregadas domésticas no Brasil, mesmo após uma década de promessas de igualdade. É hora de reconhecer lutas passadas, confrontar as injustiças atuais e exigir mudanças efetivas em direção à dignidade e respeito.
Reflexão sobre o Dia da Empregada Doméstica.
Em abril, celebramos o Dia da Empregada Doméstica, mas é hora de abordar temas como luta, memória, reparação e futuro.
Este ano, marca uma década da lei que igualou os direitos das trabalhadoras domésticas aos de outros trabalhadores. Porém, a pergunta permanece: o que realmente mudou?
Embora os direitos tenham sido conquistados, muitos ficaram apenas no papel. A informalidade cresceu, especialmente após a pandemia. Muitas empregadas não receberam os direitos básicos, como álcool em gel ou testagens.
A primeira vítima da COVID-19 no Brasil foi uma mulher doméstica, Cleonice Gonçalves, que contraiu o vírus de seus patrões. Sua história ilustra a realidade dolorosa desse trabalho: subestimação e sacrifício.
A fiscalização continua insuficiente, com casos de trabalho análogo à escravidão ainda comuns. Mulheres negras e pobres permanecem exploradas sob o manto da “confiança”}
- Falta responsabilidade social
- Falta educação antirracista
- Falta empatia
Muitas ainda não registram formalmente as profissionais que cuidam de suas casas e filhos.
Escrevo como uma mulher preta e ex-doméstica, reconhecendo a importância desse trabalho na nossa sociedade. O Dia da Empregada Doméstica é um dia de reconhecimento, mas também de denúncia e luta.
É hora de exigir uma mudança real e deixar para trás a “senzala” que apenas mudou de nome.