'Diz o que quero ouvir': por que cada vez mais pessoas veem a IA como um guru existencial?
A presença crescente da inteligência artificial nas decisões pessoais levanta questões sobre a confiança e a dependência emocional que desenvolvemos em relação a essas tecnologias. Especialistas alertam para os riscos de substituição das conexões humanas e os impactos da solidão.
A inteligência artificial (IA) está se tornando cada vez mais integrada à vida cotidiana, não se limitando apenas a especialistas em tecnologia.
A presença da IA se estende desde dispositivos móveis até consultas pessoais. Ela influencia decisões e molda a forma como pensamos.
Recentemente, uma mulher grega buscou o ChatGPT para conselhos e acabou se divorciando do marido após receber alertas de infidelidade.
Essa situação levanta questões sobre a confiança excessiva em respostas instantâneas da IA, que não considera emoções humanas e decisões ponderadas. Mirta Cohen, da Associação Psicanalítica Argentina (APA), menciona que a busca por soluções 'mágicas' revela uma necessidade de evitar responsabilidades.
María Pilar García Bossio ressalta que a interação com IA pode se confundir com conversas humanas, já que a tecnologia ajusta seu discurso às nossas demandas.
O ChatGPT se tornou um conselheiro em diversos aspectos da vida, desde relacionamentos até identificar comportamentos tóxicos em conversas. Contudo, as respostas da IA não são sempre precisas, conforme explica o engenheiro Fredi Vivas, que caracteriza a leitura da IA como estatística, não como raciocínio.
Especialistas alertam para a dependência emocional gerada pelo uso excessivo da IA, que pode levar a altos índices de solidão. Estudo do MIT Media Lab aponta que quem utiliza chatbots frequentemente reporta sentimentos elevados de solidão e dependência.
A pesquisa do Barna Group indica que millennials são os maiores usuários de IA, buscando na tecnologia soluções pessoais mais do que profissionais.
Andrés Rascovsky enfatiza que, apesar da tentativa da IA de simular empatia, ela nunca poderá substituir a conexão humana. Enquanto isso, Patricia O’Donnell alerta que a expectativa de que a IA resolva tudo pode sufocar a criatividade e reforçar a solidão.