Dívida pública: aprenda a interpretar os números e suas implicações
O economista Marco Cavalcanti analisa a trajetória da Dívida Pública Federal e os riscos associados ao seu crescimento. Ele destaca a importância de controles orçamentários para garantir a sustentabilidade das contas públicas.
Governança da Dívida Pública: O economista Marco Cavalcanti, do Ipea, avalia que dívidas governamentais não são necessariamente ruins, mas exigem compreensão das restrições orçamentárias.
A dívida pública federal surge quando o governo gasta mais do que arrecada. Em 2024, 41,6% do orçamento federal foi destinado ao serviço da dívida, totalizando R$ 1,658 trilhão em amortizações e R$ 352 milhões em juros.
A dívida bruta do governo geral (federal, estadual e municipal) alcançou R$ 8,9 trilhões, cerca de 75,3% do PIB brasileiro. O estoque da dívida pública federal era de R$ 7,492 trilhões em fevereiro de 2025.
O governo contrai dívidas por meio de títulos públicos, pagando juros aos credores. O Plano Anual de Financiamento prevê que a dívida pública federal alcance entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões até o final de 2025.
Cavalcanti alerta para os riscos de altos gastos com o serviço da dívida, que reduzem recursos para áreas fundamentais como saúde e educação. Ele defende um arcabouço fiscal para controlar o crescimento das despesas, mas destaca que é preciso considerar regras constitucionais que impactam gastos.
A disciplina fiscal é crucial para reduzir o risco fiscal e as taxas de juros, facilitando o controle da dívida. O governo projeta um aumento da dívida pública até 2028, seguido de queda a partir de 2029, enquanto analistas do mercado financeiro projetam estabilização apenas em 2033.