Dissidentes das Farc ordenam confinamento de 50 mil pessoas na Colômbia
Conflito armado no Guaviare resulta em bloqueio de civis e escassez de alimentos. A situação de insegurança e angústia se intensifica entre a população local em meio à escalada da violência entre facções.
Mais de 50 mil pessoas estão confinadas no departamento de Guaviare, na Colômbia, por ordem de guerrilheiros que controlam a região. Este número representa mais da metade da população local. A informação foi confirmada nesta terça-feira (17) por autoridades locais.
Desde segunda-feira (16), o Estado-Maior Central (EMC), principal dissidência das extintas Farc, impôs um "bloqueio armado", proibindo a circulação de civis por terra e por rio durante confrontos com um grupo rival.
As restrições afetam 50 mil dos 97 mil habitantes de Guaviare. O prefeito Willy Rodríguez disse à AFP: "As pessoas não têm conseguido sair ou entrar, nem se abastecer de alimentos". O clima é de "angústia e medo".
O EMC disputa a região com outra facção armada, liderada por Marcos Calarcá. Ambos os grupos rejeitaram o acordo de paz assinado em 2016.
O confinamento ocorre em meio a uma escalada de violência no país. Na semana passada, o EMC realizou ataques com fuzis e explosivos, resultando em 7 mortes na cidade de Cali e municípios vizinhos. O senador Miguel Uribe foi alvo de um atentado em Bogotá e está hospitalizado em estado grave.
Os ataques estão fazendo a população reviver períodos de violência das décadas de 1980 e 1990. Isso colocou o presidente Gustavo Petro sob pressão. Iván Mordisco, líder do EMC e o criminoso mais procurado do país, está escondido na selva amazônica.
O EMC é financiado por narcotráfico, extorsão e garimpo ilegal, especialmente na região do Pacífico e na Amazônia. Mordisco, que abandonou o processo de paz, representa um dos principais problemas para Petro, que pediu sua captura e o comparou a Pablo Escobar.