Diretor-geral da Abin depõe sobre estrutura paralela de espionagem: entenda o que a PF quer saber
Luiz Fernando Corrêa e ex-diretor adjunto da Abin são ouvidos pela PF em investigação sobre espionagem e obstrução de investigações. A apuração aponta supostas tentativas de interferência na atuação da corregedoria e uso de método ilegal de espionagem em autoridades paraguaias.
Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), presta depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira.
O depoimento faz parte de um inquérito que investiga uma suposta estrutura paralela de espionagem na Abin durante o governo Jair Bolsonaro, com acusações de que autoridades, jornalistas e advogados foram espionados.
Corrêa é suspeito de obstruir investigações da PF. Ele será questionado sobre uma possível tentativa de interferência nas investigações, conforme depoimentos de servidores da agência.
Durante uma operação da PF em janeiro passado, um servidor relatou que Corrêa sugeriu uma "intervenção" na corregedoria, enquanto as investigações estavam em andamento.
Além de Corrêa, o ex-diretor adjunto Alessandro Moretti também será ouvido. Moretti foi demitido após a PF levar adiante investigações sobre o programa FirstMile e afirmou ter colaborado com a polícia.
A gestão atual da Abin é acusada de dificultar o acesso a dados importantes para a PF. No entanto, o relatório da PF destaca que ações desta gestão foram prejudiciais ao andamento das investigações.
Corrêa também será questionado sobre o uso de um e-mail espião para invadir computadores de autoridades paraguaias, com o objetivo de obter informações sobre a venda de energia pela usina Itaipu.
Entre os alvos estavam a Presidência e o Congresso do Paraguai, em um contexto de negociações sobre reajustes no valor da energia produzida.