Dia do Trabalhador completa cem anos no Brasil e diminuição da jornada de trabalho volta para a pauta

Manifestações pela redução da jornada de trabalho originaram o 1º de Maio no Brasil e no mundo. Após 100 anos, a diminuição da jornada permanece relevante, agora com foco na eliminação da escala 6 x 1.

Instituído por decreto em setembro de 1924 pelo presidente Arthur Bernardes, o feriado foi criado para homenagear os mártires do trabalho.

Historiadores indicam que a criação da data visava minimizar a força dos movimentos socialistas após a chegada de imigrantes europeus com um forte histórico de lutas trabalhistas.

Ricardo Patah, da UGT, destaca que a relação capital-trabalho evoluiu após muitas mortes em busca de jornadas menores. Ele relembra a greve de 1917 e a conquista da redução da jornada na Constituição de 1988.

Leticia Ribeiro, do escritório Trench Rossi Watanabe, ressalta a importância do 1º de Maio para refletir sobre os "desafios atuais" nas relações de trabalho modernas.

Ruy Braga, sociólogo da USP, afirma que o 1º de Maio representa a luta por melhores condições de trabalho desde o final do século 19. A data é marcada por greves históricas, como a de 1886 em Chicago, que resultaram em violência.

Guilherme Feliciano, também da USP, recorda a primeira legislação trabalhista da Inglaterra, em 1802, que visava diminuir jornadas excessivas para aprendizes e crianças.

A França adotou oficialmente o 1º de Maio como Dia do Trabalho em 1919. No Brasil, Arthur Bernardes e Getúlio Vargas tornaram a data oficial ao longo da história.

Os EUA, em resposta ao potencial socialista da data, celebram o Dia do Trabalho em setembro, destacando uma escolha política. Feliciano conclui que o 1º de Maio ganhou força por meio da tradição francesa.