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Desinformação preenche vácuo criado por bloqueio de notícias no Canadá

A proibição de notícias no Facebook e Instagram está permitindo que páginas de direita, como o Canada Proud, ganhem destaque com conteúdos enganosos. Especialistas alertam para o aumento da desinformação e a polarização política à medida que se aproxima a eleição nacional.

Mark Carney, primeiro-ministro do Canadá, estava prestes a anunciar sua candidatura à liderança do Partido Liberal quando fotos suas com Ghislaine Maxwell - condenada por proxenetismo - começaram a circular nas redes sociais.

As imagens foram exploradas pela página Canada Proud, que possui mais de 620 mil seguidores no Facebook. A equipe de Carney explicou que as fotos foram tiradas em um encontro social há mais de uma década e não indicam amizade próxima.

Com a aproximação das eleições nacionais em 28 de abril, o clima de desinformação aumentou no Canadá. O banimento de notícias no Facebook e Instagram, imposto pela Meta devido a uma nova lei, permitiu que páginas políticas como o Canada Proud proliferassem.

Pesquisas indicam que apenas 1 em cada 5 canadenses está ciente do banimento de notícias, tornando a população mais suscetível a desinformação e manipulação. O diretor do Media Ecosystem Observatory destacou que isso resulta em um ambiente virtual polarizado.

Desde a convocação de eleições antecipadas, o Canada Proud tem gerado cerca de 200 mil engajamentos diários, superando até os números de contas oficiais dos partidos. Somente em janeiro, a página alcançou mais de 9 milhões de interações.

O fundador Jeff Ballingall defende que seu conteúdo é legítimo, apesar de incluir informações enganosas. O grupo se apresenta como um "grupo de base" e é uma importante ferramenta contra o Partido Liberal.

O Canada Proud gastou mais de US$ 250 mil em anúncios nas redes sociais e é considerado um dos maiores influenciadores da campanha. Ao mesmo tempo, outras fontes utilizam inteligência artificial para disfarçar anúncios como reportagens legítimas.

Como resposta ao banimento, os meios de comunicação canadenses têm se voltado para plataformas como o TikTok, mas os engajamentos nas redes sociais tradicionais caíram pela metade, segundo um estudo.

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