Desenvolvimento à brasileira: quando crescer não significa avançar
Apesar do aumento na renda média no Brasil, a desigualdade continua elevada, com a maior parte da riqueza concentrada nas mãos de poucos. A falta de políticas públicas eficazes e a ausência de debates democráticos exacerbam a exclusão social e os desafios ambientais enfrentados pelas populações mais vulneráveis.
IBGE divulgou dados da PNAD Contínua que mostram melhora na renda per capita no Brasil, especialmente no Norte e Nordeste.
No entanto, essa melhoria vem acompanhada de manutenção da desigualdade na distribuição de renda. A massa de rendimento do 5% mais pobre é de apenas 0,5%, enquanto o 1% mais rico captura mais de 10% da renda nacional.
Esses dados questionam a definição de desenvolvimento, que é muitas vezes reduzido a crescimento econômico. Ignacy Sachs ressalta que crescimento e desenvolvimento não são sinônimos e que o progresso econômico não deve resultar em exclusão social.
As políticas públicas precisam ir além do “economicismo radical”. A confiança apenas em mecanismos de mercado para promover justiça social não é suficiente.
O setor de saneamento público tem seguido essa lógica, com abertura ao investimento privado, prometendo melhorias nas condições de vida. Porém, a visão unidimensional do desenvolvimento ignora a sustentabilidade ambiental e a justiça social.
A modelagem do saneamento pelo BNDES prioriza a atratividade de capitais, deixando de lado questões técnicas cruciais. Isso gera riscos em contratos de longo prazo.
A sustentabilidade social dos projetos não é abordada nos editais, deixando incertezas sobre o futuro dos trabalhadores do setor.
A falta de debate democrático resulta na perpetuação da desigualdade e acirra danos ambientais e sociais, afetando principalmente as comunidades rurais.
É preciso retomar a discussão de Ignacy Sachs, buscando um equilíbrio entre o social, o ecológico e o econômico, promovendo sustentabilidade recíproca.