Desembargadora segue recebendo acima do teto após processar jornal por divulgar seu contracheque
Desembargadora do RS ultrapassa teto salarial e processa jornal por divulgar contracheque. Condenação de R$ 600 mil levanta questões sobre transparência e liberdade de expressão.
Desembargadora Iris Medeiros Nogueira, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, recebeu salários acima do teto constitucional, mesmo após processar o jornal Zero Hora por divulgar seus contracheques. Em abril de 2023, sua remuneração chegou a R$ 662 mil, excedendo limites em até três vezes.
A remuneração da magistrada ultrapassou R$ 100 mil em 13 ocasiões desde 2023. O maior pagamento foi em abril de 2023 (R$ 662.389,16 líquidos), seguido por R$ 277.235,07 em novembro de 2024 e R$ 230.778,02 em fevereiro de 2025.
A Zero Hora e a colunista Rosane de Oliveira foram condenadas a pagar R$ 600 mil em danos morais, por "repercussão negativa" da reportagem. A juíza Karen Rick Bertoncello, que decidiu a favor de Iris, possui relação amigável com a desembargadora.
A juíza argumentou que, embora as informações sejam públicas, a abordagem foi “sarcástica e direcionada”, configurando “abuso de direito”. O Grupo RBS anunciou que irá recorrer da decisão, defendendo a liberdade de expressão.
Informações sobre a remuneração de juízes e desembargadores são públicas desde 2015, conforme determina o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os contracheques de Iris, em média, foram: R$ 126,8 mil (2023), R$ 131 mil (2024) e R$ 150 mil (2025, até abril). Após descontos, ela recebeu efetivamente cerca de R$ 101 mil em 2023, R$ 88 mil em 2024 e R$ 113,9 mil em 2025.
Esses valores incluem várias verbas complementares que não entram no cálculo do teto remuneratório, contribuindo para os chamados “supersalários”.